![Paneles en sombra [Painéis em sombra] Paneles en sombra [Painéis em sombra]](/media/thumbs/uploads/coleccion/xua53thEU6Qc.jpg)
Paneles en sombra [Painéis em sombra]
Nevelson, Louise. 1961
Mais informaçãosobre a obra
Obra-prima
Inventário 8010
Obra Não Exibida
Em maio de 1973, Juan Carlos Distéfano aplicava as últimas capas de pintura epóxi em El mudo II (1), uma obra que com o tempo se entenderia como chave em sua trajetória artística. Fechava-se um processo que havia começado em 1972 quando realizou os primeiros rascunhos da obra (2). Aquele ano, Distéfano, impactado pelas primeiras denúncias de tortura e desaparição que começaram a circular no país, também havia realizado Figura acostada o Procedimiento. Foi através desses conflitos sociais que o artista se compenetrou na procura de imagens eloquentes nas que plasmar o pathos da violência. Nessa linha de inquietudes El mudo II situa-se como testemunho categórico da realidade social que o viu surgir.
A potencia visual da obra não passou despercebida ante aqueles que a viram no atelier apenas terminada. Hugo Monzón, crítico do jornal La Opinión, não duvidou em descrever as novas buscas de Distéfano como “testemunhos ásperos, eloquentes e herméticos há um tempo”. Também Daniel Martínez, chefe da área técnica do MNBA, visitou seu atelier e interessou-se pela obra a Samuel Oliver, quem, como diretor sugeriu à Associação Amigos do MNBA compra-la para o Museu (3). Em 1974, El mudo II foi situado nas salas do primeiro piso do Museu onde, evadindo a censura imperante, transitou inadvertida, e ao mesmo tempo, persistentemente, ao período da última ditadura militar.
Se bem o corpo humano e os diversos conflitos do homem marcam toda a produção plástica de Distéfano, a partir dos anos setenta sua obra deu um giro tanto expressivo como formal. Os volumes, um dos principais interesses do artista, com os que experimentava em suas pinturas, tornaram-se independente do plano, o que trouxe como consequência o deslocamento de suas inquietudes desde o pictórico até a escultura. Com imagens claras dos recursos irónicos e paródicos que haviam caracterizado as pinturas do período anterior, surgiu o corpo humano vinculado a experiências traumáticas. Corpos violentados e torturados, impossibilitados de mover-se, de dizer, de viver, seria agora o tema central de sua poética.
Através de uma posição anatómica impossível, em El mudo II uma figura humana de tamanho apenas maior que o natural apresenta-se em uma situação de imobilidade absoluta. A cena faz referencia direta a um método de tortura conhecido como “submarino”. Trata-se de uma obra carregada de referencias violentas cujo resultado visual não está isento de beleza.
A experimentação com o material é outro dos eixos sobre os que Distéfano indaga continuamente. Desde os começos dos anos setenta, o uso do poliéster resultou fundamental para seu trabalho pelo modo novo em que conseguiu incorporar a cor em sua obra e pelo alto grau de expressividade alcançada no tratamento das formas, por exemplo, nas alternâncias de volumes positivos e negativos que se dá nesta peça. Também, a transparência do poliéster enfatiza um elemento fundamental: A agua em movimento, produto da ação de tirar a cabeça do balde, derramada na base, dando a ideia de uma ação em transcurso que contrasta com a imagem da à figura imóvel.
A potencia expressiva de El mudo II reside na maneira em que o artista conseguiu sintetizar e vincular aspectos formais e narrativos conjugando em uma mesma obra sua postura ética e estética.
1— A primeira versão, El Mudo I (1973, coleção privada) foi realizada em menor tamanho.
2— Dois desses rascunhos, realizados em grafite sobre papel, também formam parte da coleção do MNBA (inv. 8011 e inv. 8012).
3— Provavelmente, a visita de Martínez teve como objetivo a mostra organizada em Niza em junho daquele ano e para a qual o artista realizou um envio que incluía todas suas esculturas recentes.
1973. MONZÓN, Hugo, “Para Distéfano, el objeto plástico debe ser un factor de conocimiento”, La Opinión, Buenos Aires, 2 de maio, p. 16.
1976. Revista Bosch, Buenos Aires, a. 1, nº 5, reprod. contracapa.
1979. MONZÓN, Hugo, “Juan Carlos Distéfano” em: Gabriel Levinas (ed.), Arte argentino contemporáneo. Madrid, Ameris, p. 150.
1981. PÉREZ, Elba, Distéfano. Escultores argentinos del siglo XX. Buenos Aires, CEAL, nº 80, p. 5, reprod. color nº 3.
1991. PÉREZ, Elba, Distéfano. Buenos Aires, Banco Tornquist-Crédit Lyonnais, p. 23-25, reprod. color p. 76-77.
2005. LÓPEZ ANAYA, Jorge, Arte argentino. Cuatro siglos de historia (1600-2000). Buenos Aires, Emecé, p. 408, reprod. color p. 409.
2009. MARCHESI, Mariana, “Cuerpos des-hechos. Destrucción y reconstrucción del cuerpo en la plástica argentina de los 70” em: AA.VV., XXX Coloquio Internacional de Historia del Arte. Estéticas del des(h)echo. México DF, Instituto de Investigações Estéticas, UNAM.
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